sábado, 30 de agosto de 2008

CHEGA DE SAUDADE

Direção – Laís Bodanzky
Produtor – Caio e Fabio Bullane
Fotografia – Walter Carvalho
Música - Bid
Montagem –Paulo Sacramento

Antes a emoção – foi com um sorriso melancólico que assisti ao filme. Gostei. Gostei muito. E era pra sentir essa melancolia colorida.
O título – Chega de saudade – parece-me dúbio. Chega de saudade, vamos botar pra quebrar? Ou chega de saudade, não agüento mais, vamos pra casa e não se fala mais nisso?
A meu ver o título devia ser Sem Perdão, porque a velhice não perdoa.
Há um ditado italiano: la vecchiaia é bruta, a velhice é feia.
Este filme em primeiro plano é isso, e isso e isso. Lindas mulheres, lindos homens, hoje numa decrepitude física devastadora. Melhor que a alternativa...
A Elza Soares foi a propos? De qualquer forma veio a calhar.
A beleza da jovem atriz Maria Flor só acentua a crueldade do tempo.
Que fazer?
Mas o filme continua.
A narrativa é a grande cúmplice do sucesso.
A edição só lhe acrescenta beleza. Salve Paulo Sacramento!
O texto é primoroso na sua realidade.
A música onde não faltou Jamelão deixou-me lágrimas.
Fotografia de Walter Carvalho coloca nos pés a juventude ausente e no rosto do elenco o momento da presença em cena.
Tônia Carrero, tão romântica quanto na realidade é, está divina com o sempre grande ator Leonardo Villar - e, se eu tivesse menos 50 anos diria: “esse arrebentou!” Uma pontuação dramática como há muito tempo não via. Salve Leonardo!
Stepan Nercessian não precisava ser tão bom! O tal fisique de rôle é bem empregue no caso. Sedutor sem cair no ridículo. Encantado sem parecer idiota. O preciosismo de atuação do Sr. Nercessian na cena em que fascinado com a beleza e juventude de Bel tenta beijá-la... é digno de longo aplauso em cena aberta. Para mim foi o ponto alto de atuação no filme. Muito bom, muito.
Betty Faria que há tanto tempo não via, foi um prazer rever. À vontade e sem deslizes num papel que cobra talento, ela soube defender.
Miriam Mehler muito bem chegada, excelente no pouco que muito acrescenta.
Cassia Kiss mais uma vez brilhando apesar da extrema modéstia no representar. Não adianta, brilho próprio nada o ofusca.
Os jovens Maria Flor e Paulo Vilhena estiveram à altura de seus companheiros de cena. Que eles aprendam com esse elenco que envelheceu burilando o talento.
Os outros personagens completaram a alta qualidade do espetáculo.
Sábia escolha de elenco.
Cuidadosa e dedicada direção. Salve Laís filha de Jorge! Já nasceu pronta.

A mulher e o homem brasileiros retratados sem retoques favoráveis foi o que vi nesse filme.
O homem – o eterno conquistador extra-muros, mas sem abandonar ou esquecer a rainha-do-lar, esposa eterna na alegria, na dor, na chatice ou no desprezo. A lábia, desculpa “graciosa”, ou bem contada, a conhecida "conversa fiada" está sempre no repertório do sedutor-fiel.
O medo de ser traído – um rapaz bonito sofrendo de ciúmes de um cinqüentão amassado mostra uma forma inteligente de valorizar o gênero: Cuidado! Homem é sempre homem, novo ou velho! Caiu na rede é peixe!
O dançar é ainda estar jovem – pensa-se...
As mulheres – o roteiro mostra conhecimento no assunto... Todas toleram a traição masculina. Umas ainda se debatem, mas logo se acalmam. Ruim com ele, pior sem ele... na gaiola eles não cantam...tem que dizer que se ama, olhos nos olhos...
Carência é uma merda. E tem bicho mais carente que mulher. Foca, não vale.
A personagem da Betty Faria é um exercício fabuloso da vocação pra ser infeliz. Ou da histeria. Quero mas tem que ser assim, assim e assim. Então não quer nada, bolas.
O diálogo entre a esposa e a outra está pra muita mulher chorar. Porque é assim.
Não faltou a mulher-fálica – eu-quero-eu-pago-eu-gozo.Tchau e bênção.
E pra encerrar com a galeria feminina, Cássia Kiss tem sua magia no olhar. Isso eu observei em “Meu nome não Johnny” – o olhar de Cássia é o ator. Toda uma expressão facial desce do seu olhar.
REFORMULANDO – porque a vida pra ser boa tem que ser sempre reformulada...
Para mim a grande mensagem deste filme é:
NÃO IMPORTA A IDADE, QUEREMOS SER AMADOS

3 comentários:

Cris Carnaval disse...

Sim, muito amados! Sempre. Do que vale viver sem o amor? Eu que hoje vivo sem ele, já me esbaldei em sua companhia. Me identifico muito com essa frase: "De vez em quando sou acusado de saudosista, como se saudade fosse uma coisa vergonhosa".
Pronto: amo e tenho saudade! Eu sou assim e quem quiser que goste de mim. Bjos de quem já chorou numa quarta de cinzas ;)

criss disse...

edith, os imãos produtores são GULLANE, mas fora isso é sempro bom te ler, saudades e vamos estar juntas, sua inteligencia faz falta não dá pra ficar muito tempo longe
bjs
criss

criss disse...

oi edith sou eu cris borges sua aluna, quem produziu o filme da bodanski foi os irmãos Gullani.
Sempre q tenho tempo me esbaldo com seu blog estou com saudade. a inteligencia faz uma falta e tanto, bjs
criss