quinta-feira, 16 de setembro de 2010



A primeira foto -  Tempero da Vida
Segunda foto - Simplesmente Martha


LAMBI OS BEIÇOS E LIMPEI O PRATO
Agora só se pensa em comer bem.
Comida saudável, comida bonita, variada, colorida, importada.
Estamos na “era da necessidade do prazer”.
Hoje comer bem é um must e saber cozinhar é um hobby.
Não sei, mas arrisco, até em revista pornô há uma receita afrodisíaca!

(Meu amor, se você precisa de revista pornô e receita afrodisíaca compra Viagra que  talvez saia mais barato e não te deixa na mão - será que veio daí a expressão?)

Duas necessidades básicas do ser humano: comer, para se manter vivo e o ato sexual para manter viva a espécie. Nada contra os prazeres corolários.
Com tantas receitas de tantos pratos, de tantos chefs e de tantos países, não há uma reprise ou  um remake de bons filmes que usam o tema - chaque un à sa façon.
De pronto lembra-me 4: A Comilança, A Festa de Babette, Simplesmente Martha e  Tempero da Vida.
Repetindo, cada um à sua maneira, apresentam o prazer em comer. E o além do prazer, que é a morte.
A necessidade de comer transformar-se em prazer não exige dinheiro.
A necessidade de comer saboreada com prazer é um dos maiores encantos da vida. E da saúde.

Excetuando A Comilança, os outros 3 filmes fazem uma ponte encantadora , por que variada, entre o comer e o amor, e a solidão, e o desejo, e a tradição e a alegria  em viver.

A COMILANÇA - filme inesquecível e assustador, nos diverte (cinema é diversão) com a narrativa do que Dr. Freud nos apontou: o caminho do prazer leva à morte. É nossa a escolha em parar ou morrer. Quando se pode escolher...
Filme rico em imagens, sons e reflexões - seria presunção num breve espaço comentá-lo. Um dia  talvez.

SIMPLESMENTE MARTHA - Um remake desmerecido com Zetta Jones, ou coisa que o valha, não reviveu nem em migalhas o original.
Com romantismo e humor é contada a história de uma mulher intransigente e perfeccionista. Tolinha.
Apesar de levar o prazer do comer à clientela do restaurante onde era a chef, amargava não se permitir o arriscado prazer de amar. Ela não admitia um senão. E amar é cheio de senões! Há sempre apreciações a ouvir  e correções a fazer. Não há receita pronta e nem se pode criar uma.
A linda refugiava-se no trabalho, do trabalho de viver.
Stress não combina com comer e nem com f...(o que não é definitivamente a mesma coisa que ato sexual)
Então chega o macho, que não a humilha, mas não se submete. E, com o humor e o “deixa disso” do italiano, ela chega no ponto e com tempero certo.
A sobrinha, a meu ver, foi o cupido da história. E todos acabam comemorando o amor numa mesa italianamente farta.
Ia esquecendo. A mocinha muito bonita, apesar dos traços romanos é  alemã. Dispensa-se  explicações.

TEMPERO DA VIDA - Filme cheio de aromas e sabores. O paladar comandando as lembranças.A comida pontuando a tradição e a cultura de um povo.
Narrativa terna com personagens amorosos em situações diversas.
Na ausência a presença trazida pelo alimento.
Na presença a ausência lembrada pelo alimento. 
Numa história simples todas as complicações  do sentir.
Um filme pra toda a família assistir junta e ficar feliz.

A Festa de Babette vem  um outro dia.

TO BE CONTINUED

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